terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Parapsicologia

Descrição
De Wikipédia, a enciclopédia livre

A neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia, que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano, contudo praticamente dedica-se a investigar como diferentes lesões causam déficits em diversas áreas da cognição humana, ou tal como denominado pelos primeiros estudos nesse campo, estuda as funções mentais superiores, deixando áreas como agressividade, sexualidade para abordagens mais integrativas da fisiologia e biologia (neurobiologia, neurofisiologia, psicofisiologia, psicobiologia) ou melhor da neurociência. Entre as principais contribuições desse ramo do conhecimento estão os resultados de pesquisas científicas para elaborar intervenções em casos de lesão cerebral, quando se verifica o comprometimento da cognição e de alguns aspectos do comportamento. (ver deficiência mental) Atribui-se ao psicólogo canadense Donald Olding Hebb (1904-1985) a cunhagem do termo neuropsicologia.

'''Funções Mentais Superiores'''
Expressão utilizada pelo fisiologista russo, Ivan Pavlov, no começo do século para designar funções do córtex especialmente linguagem e atividade lógica racional da espécie humana. Com o avanço da Neurofisiologia aos pouco veio se descobrindo que muitas das funções requeridas para a actividade racional não dependia exclusivamente desta região e sim do funcionamento do cérebro compreendido como um todo, não podendo, portanto limitar-se à ação específica e localizada de alguns conjuntos de células como retina e alguns neurônios do córtex visual próprios para percepção da luz

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

À Rede de Àpoio e Suporte em Saúde Mental do Piauí

A Rede de Apoio e Suporte em Saúde Mental do Piauí- AMIGO NO NINHO convida sua diretoria, representantes de entidades parceiras e ou interessadas em somar na luta em defesa dos direitos das pessoas que vivem e convivem com transtorno mental, incluindo trabalhadores de CAPS , usuários e familiares para um reunião de avaliação das ações desenvolvidas em 2010 e planejamento intersetorial para 2011.
Pautas
- Acessibilidade ao trabalho melhoria habitacional
- Luta pela implantação da Gerência de Saúde Mental na FMS
- Qualidade dos serviços ofertados pelos CAPS: visita e atendimento domiciliar sem transporte próprio.
- A questão do atendimento ambulatorial
- Apoio a criação de um Centro de Referência em Redução de Danos/ad
- A questão dos cárceres privados
- Apoio a criação de um Centro de Atendimento a ideação suicida para comunidade LGBT
- Organização do I Seminário sobre Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Mental
LOCAL: CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS/UFPI Sala 305
AV. Frei Serafim, 2280, próximo ao HGV e loja da OI
DATA: 18/12/2010
HORÁRIO: 8:30
LOUCA PELA VIDA

domingo, 12 de dezembro de 2010

Terapia Comportamental Cognitiva Para Pessoas Com Transtorno Bipolar

Francisco Lotufo Neto
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Endereço para correspondência
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RESUMO
Descrição dos objetivos e principais técnicas da terapia comportamental cognitiva usadas para a psicoterapia das pessoas com transtorno bipolar.
Descritores: Terapia cognitiva, Transtorno bipolar/terapia; Transtorno bipolar/psicologia; Transtorno do humor; Psicoterapia
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Introdução e objetivos
O Transtorno bipolar (TB) possui forte componente biológico e sua principal forma de tratamento é com medicamentos estabilizadores do humor. Entretanto, o papel da psicoterapia para o seu tratamento é enorme e com potencial ainda pouco explorado. Estamos diante de uma doença crônica, que necessita de acompanhamento e controle por toda a vida. Assim, cooperação é importante e para isto a terapia pode ajudar. A síndrome sofre influência de fatores de estresse e tem importantes conseqüências psicossociais, interpessoais e de diminuição da qualidade de vida. Uma porcentagem relevante de portadores não tem boa resposta aos tratamentos atuais, apresentando fases, apesar de adequadamente tratados. Isto para não falar no estigma, desmoralização, problemas da família e nas dificuldades e conflitos psicodinâmicos que qualquer pessoa pode apresentar. Há um campo aberto para o tratamento psicoterápico.1
São objetivos da Terapia comportamental cognitiva (TCC) para os portadores deste transtorno:
1) Educar pacientes e seus familiares e amigos sobre o transtorno bipolar, seu tratamento e dificuldades associadas à doença;
2) Ajudar o paciente a ter um papel mais ativo no seu tratamento;
3) Ensinar métodos de monitoração da ocorrência, gravidade e curso dos sintomas maníaco-depressivos;
4) Facilitar a cooperação com o tratamento;
5) Oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com pensamentos, emoções e comportamentos problemáticos;
6) Ajudar a controlar sintomas leves sem necessidade de modificar medicação;
7) Ajudar a enfrentar fatores de estresse que podem interferir no tratamento ou precipitar episódios de mania ou depressão;
8) Estimular o aceitar a doença;
9) Diminuir trauma e estigma associados;
10) Aumentar o efeito protetor da família;
11) Ensinar habilidades para lidar com problemas, sintomas e dificuldades.
Há diferenças com a psicoterapia tradicional, pois os pacientes em geral não estão na fase aguda da doença. Durante a mania, é muito difícil fazer terapia. A TCC tem uma forma mais didática, algumas técnicas somente são ensinadas e a agenda de cada sessão pode ser ou não determinada por um protocolo. De modo algum se exclui a terapia tradicional.

Fases do tratamento
A TCC para o portador de TB possui sempre algumas fases. Por ser um transtorno crônico, o elemento educacional é importante, para que a cooperação fique mais fácil. Estimula-se o paciente a perguntar sobre seu transtorno, causas e tratamento. Como em toda terapia cognitiva, o modelo cognitivo é apresentado e se ensina a pessoa a identificar e a analisar as mudanças cognitivas que ocorrem na depressão e mania, seus pensamentos automáticos e as distorções do pensamento. Os problemas psicossociais e interpessoais são discutidos e são ensinadas técnicas para que sejam melhor manejados. Por exemplo: solução de problemas e treino de habilidades sociais.2 Para criar a aliança terapêutica e a participação ativa do cliente no tratamento é importante compartilhar a filosofia ou racional que está na base do tratamento instituído, solicitar opinião sobre o tratamento, discutir preocupações sobre o mesmo, negociar planos terapêuticos e instituir o tratamento preferido pelo paciente.
Elemento importante da aliança terapêutica é a atenção à família. Deve-se, com ela, discutir sintomas, formas de tratamento e o que esperar do futuro. É importante lembrar que a família precisa também lidar com dor e sofrimento e é necessário criar o clima propício a isso. Olhar sempre as crianças pequenas, que num momento de crise podem ser esquecidas, e geralmente estão muito assustadas ou até negligenciadas.
Sempre discutir com o paciente quem ele quer envolver no tratamento. Isto facilitará muito, no futuro, conduzir uma eventual internação, ou administrar com quem deverá ficar cartão de crédito, talão de cheques e outros detalhes importantes.
Descobrir-se portador de um transtorno crônico pode ter diversos significado para a pessoa.
Lembrar de sempre conversar sobre isto, no início e ao longo do tratamento. Há o medo de incapacidade crônica, o papel dos acontecimentos da vida e estresse no desencadear de novos episódios, o uso da medicação pelo resto da vida, a questão da hereditariedade (casar e ter filhos), gravidez e amamentação.
A aderência ao tratamento farmacológico deve ser trabalhada em terapia, pois a regra é a não cooperação. Esta pode ocorrer por preconceitos, conceitos errôneos, problemas na aliança terapêutica, efeitos colaterais, erros na dosagem, esquecimento de tomada, tomar mais que o prescrito, tomar medicação de familiares e amigos, erros no horário, uso de álcool e drogas, tomar outras medicações que interferem com os estabilizadores do humor (diuréticos, antiinflamatórios) e falta de recursos para o tratamento. Psicopatologia grave e transtorno de personalidade predizem falta de aderência.3

Técnicas para monitorar os sintomas
Outro elemento importante da psicoterapia é a identificação precoce do início de uma fase, para que uma intervenção efetiva a coloque sob controle, prevenindo problemas e internação. Isto é feito ensinando-se paciente e família a identificar e acompanhar os sintomas da síndrome. Algumas técnicas que auxiliam são: mapeamento da vida, identificação dos sintomas, gráfico do humor e o afetivograma.3
O mapeamento da vida é uma técnica muito usada em psicoterapia, na qual a pessoa traça uma linha em folha de papel, identificando com os altos e baixos e cores o curso da sua vida e doença. Pode assinalar o número, seqüência, intensidade e duração das fases de mania e depressão, o impacto do tratamento e de acontecimentos importantes. Auxilia a oferecer uma visão mais ampla do curso da doença, dos fatores de estresse e da influência do tratamento.
A identificação dos sintomas visa a ajudar a pessoa e a família a identificar sintomas específicos das fases de depressão e mania, diferenciar os estados de humor normais dos patológicos, tomar consciência de sua situação clínica e lidar com conflitos familiares onde o problema é atribuído à doença do paciente, saber o que muda em sua vida durante a depressão ou a mania, o que muda no modo como vê a si e aos outros, e o futuro. Os outros notam ou percebem? O que as pessoas comentam? Faz-se revisão dos sintomas de depressão e mania, identificando os que ocorrem no início das fases. Pede-se ajuda à família (descrição da pessoa quando está bem e quando esta começando a ficar doente).
São indicadores de humor normal a capacidade de sentar e ler um livro ou jornal por um bom período de tempo sem sentir-se entediado, a capacidade de ouvir em uma conversa social, não querer atingir os limites ou fazer algo arriscado, conseguir completar tarefas com poucas distrações, sentir um pouco de ansiedade e preocupação sobre as exigências do dia-a-dia (responsabilidades, obrigações financeiras, etc.), experimentar e ter prazer nos momentos de quietude e serenidade, ser capaz de dormir bem à noite e ser capaz de aceitar críticas bem intencionadas sem se irritar.
São sinais iniciais típicos de hipomania ou mania:4
1) Diminuição da necessidade de sono;
2) Diminuição acentuada da ansiedade;
3) Níveis elevados de otimismo, com pouco planejamento;
4) Grande vontade de se relacionar com pessoas, mas com pouca capacidade de ouvir;
5) Concentração diminuída;
6) Aumento da libido com diminuição da crítica e da vergonha;
7) Aumento dos objetivos, mas com pouca sistematização das tarefas.
Outra técnica é o gráfico do humor. Permite acompanhar mudanças diárias do humor, do pensamento e comportamento, identificar flutuações de humor ou atividade e identificar sintomas subsindrômicos para solicitar ajuda e orientação quando apropriado. Deve-se adaptar o gráfico às peculiaridades do quadro clínico da pessoa.

Problemas nas fases de mania
Alguns problemas são freqüentes na fase de mania e a pessoa pode se beneficiar de algumas técnicas para melhor lidar com eles.3-4 Por exemplo, para o aumento dos interesses, idéias e atividades, pode-se observar o gráfico do humor para detectar o início da fase antes que ela saia do controle, orientar a pessoa a escolher atividade com chance de sucesso (o objetivo pode ser também o limitar as atividades), estabelecer uma agenda de atividades incluindo sono e alimentação, determinar prioridades e avaliar o gasto de energia. Outro problema de importância crucial é o prejuízo do sono. Sabe-se que uma noite mal dormida pode facilitar o início de uma fase de mania. Deve-se criar um programa de higiene do sono, estimular hábitos adequados, evitar estímulos excessivos (exercício, cafeína, etc.), ensinar relaxamento, administrar as preocupações (por exemplo: lista e horário para percorrê-la). Outro problema é a irritabilidade que pode se transformar em agressividade. Deve-se ensinar a ser reconhecida como sintoma de mania ou depressão, ajudar a pessoa a desenvolver respostas alternativas ao invés de reagir. Por exemplo, ensinar a não responder e a sair do local por algum tempo, expressar empatia pelos sentimentos do outro e pedir desculpa, assinalar a presença de irritação antes que esta aumente.
A hipersensibilidade à rejeição e à crítica consiste em outro problema. Deve-se ensinar a família a perceber quando o paciente está irritado e reagir levando em conta a perspectiva do paciente. Diante de extravagância nos gastos é preciso examinar a sua natureza e se o paciente consegue controlá-los, e verificar se outros sintomas de mania estão presentes.
Durante a mania, ocorre uma série de mudanças cognitivas. Por exemplo: otimismo exagerado e idéias de grandeza, idéias paranóides, pressão sobre o discurso, pensamento acelerado e desorganizado, alterações quantitativas da percepção, ressentimento pela desconfiança do terapeuta e familiares sobre seu bem estar. Outras distorções cognitivas são freqüentes e levam a comportamentos inadequados:
1) Aumento do interesse sexual e idéia que isto é correspondido pelas outras pessoas;
2) Achar que os outros estão muito devagar;
3) Ir prematuramente ao topo da cadeia de comando;
4) Humor sarcástico e inadequado;
5) Supervalorizar a apreciação de suas idéias pelos outros;
6) A não aceitação de suas idéias é vista como sinal de burrice ou desinteresse;
7) Por se sentirem bem, acham que não precisam de remédio;
8) Achar que só ele está certo e não levar em consideração a opinião dos outros, fazendo exigências despropositadas;
9) Viva o presente, pois o amanhã será ainda melhor.
Estas distorções cognitivas na mania levam a pessoa a subestimar riscos, exagerar possibilidades de ganhos ou acertos, achar que está com mais sorte, superestimar capacidades, minimizar problemas da vida e valorizar gratificação imediata.

Lidando com fatores de estresse
Um elemento importante é ensinar o paciente a manejar melhor os acontecimentos de sua vida que são estressantes. Muitos desses problemas são bem descritos pela terapia interpessoal, principalmente luto pela perda de alguém, conflitos com pessoas próximas, mudanças de papel existencial, déficits de habilidades sociais, perda da noção do si mesmo saudável e problemas de relacionamento entre adolescentes de pais separados com as novas famílias constituídas pelos pais. Estes problemas podem contribuir para piora e manutenção da depressão e, não raro, estão presentes no desencadear das fases de mania ou são piorados por esta. Ajuda aprender a definir e avaliar prioridades, pensar em como solucionou o problema no passado, sugerir intervenções não experimentadas. Deve-se respeitar inteligência e recursos do paciente e analisar obstáculos à mudança. As técnicas de solução de problema podem ser ensinadas e são bastante úteis. O treino de habilidades sociais é um importante instrumento, ensinando auto-afirmação e comportamentos básicos para os pacientes com quadros mais graves e grande comprometimento da vida social.

Problemas nas fases de depressão
As fases de depressão apresentam também problemas característicos.4-5 Para a culpa associada à inércia e à letargia é importante analisar explicações pessoais distorcidas para a inércia, vê-la como sintoma e não falha de caráter e direcionar a energia disponível para o possível ou o prioritário.
Algumas técnicas auxiliam: diário de atividades, foco nas tarefas essenciais (contas, limpeza de casa, telefonemas importantes, etc), dividir as tarefas em pequenos passos e iniciar as que têm maior chance de sucesso, estabelecer alvos razoáveis, fazer lista de atividades prazerosas e as incluir e iniciar.
Alguns pacientes com depressão estabelecem alvos irrealistas. Podem se beneficiar de uma avaliação do padrão estabelecido para si mesmo, avaliação do tempo necessário para cumprir uma tarefa, planejar tarefas realistas, analisar esquemas cognitivos de perfeccionismo e incompetência.
Muitos pacientes perderam a capacidade de sentir prazer e não têm atividades de lazer. A atividade aumenta a probabilidade de reforço positivo e para isto deve-se prescrever divertimento, fazer lista de atividades agradáveis, aprender a lidar com pensamentos negativos que impedem a percepção de aspectos positivos e aprender a administrar experiências de rejeição, ansiedade ou fracasso.
Muitos têm dificuldade para se concentrar ou tomar decisões. Em geral, algumas das seguintes situações estão presentes: a pessoa possui muitas opções e não consegue organizá-las mentalmente; incapacidade de gerar idéias (branco); remoer sobre as vantagens e conseqüências de cada opção sem conseguir concluir. Para os casos mais graves, ajuda pedir para alguém fazer a escolha, ou fazê-la previamente. Pode ser útil relaxar e reduzir distrações no ambiente, fazer apenas parte da tarefa, aprender a fazer análise das vantagens e desvantagens e a analisar as antecipações catastróficas das escolhas.
Os pacientes com depressão apresentam os pensamentos automáticos, regras e crenças distorcidas, que geram desesperança e ideação suicida. Alguns exemplos:4
1) Meus problemas são enormes, o jeito de resolvê-los é acabar com a minha vida.
2) Sou um peso para todos, é melhor que eu me vá.
3) Me odeio, mereço morrer.
4) Só a morte pode aliviar minha dor.
5) Tenho tanta raiva de todos, que vou me matar para ensiná-los uma lição.
A ideação suicida é sempre uma prioridade no tratamento. Deve-se perguntar por ela, avaliar a sua letalidade e ajudar o paciente a reconstruir seus pensamentos, auxiliando-o a avaliar suas possibilidades de modo específico e não radicalmente negativo.
A pessoa com transtorno bipolar pode ter diversos problemas de comunicação. Um deles é provocado por hipersensibilidade. Assim, sentimentos são facilmente feridos, antecipam crítica e rejeição e têm reação desproporcional (tristeza, culpa, vergonha, raiva) quando pressentem rejeição. Ajuda ensinar estratégias para lidar com a raiva e para avaliar a validade de seus pensamentos e pressupostos. Importante ensinar familiares a não reagir, mas entender o problema da perspectiva do paciente.
Procedimentos simples como ensinar a ouvir, repetir o que entendeu, pedir confirmação, falar claramente e de modo específico podem ser valiosos.

sábado, 11 de dezembro de 2010

ÂNCORA CONVIDA




LOCAL: Clube dos Diários

Contamos com a sua presença no dia 18/12 às 09:00hs da manhã no Clube dos Diários para o lançamento do livro de poesias dos usuários de saúde mental "Recados da Alma".
Confira a programação em anexo.

Um abraço
Amigos da Âncora
Email de Marta Evelin

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Loucura ou Perversão?

Claudia Figaro-Garcia, Correspondente da EBP-SP

Biagi-Chai, ao relatar a história de Henri-Desirée Landru, que assassinou dez mulheres e um jovem e incinerou seus corpos em uma fornalha de sua casa de campo, na França, no final do século XIX, provoca uma discussão: seria essa uma psicose ou uma perversão? De acordo com o livro, Landru não sabia qual era seu lugar na família, e este teria sido o gatilho para o desencadeamento dos atos criminosos. Biagi-Chai comenta que em sua megalomania havia separação entre ação e ambição. Tem-se início a sua máscara social. Sempre foi visto como responsável e bom pai. Mas é justamente a confusão que Landru faz entre o que é ser Patriarca e não Pai que inicia os sintomas, os quais caracterizam mais uma psicose do que uma perversão. Ao se colocar como Patriarca, posiciona-se como alguém que não vacila, que não apresenta furos ou imperfeições — assim, com a função paterna excedida, o sujeito se torna ele próprio a lei. A concepção delirante de família produz uma missão psicótica — sustento da família — de extrema responsabilidade, cuja lógica conduzirá Landru ao ato criminoso. A megalomania aumenta, assim como a indiferença pelo a’.

Para a autora, a família é como um trabalho para Landru, um significante privado de sua função de ideal, privado de realidade. Família define um dever, um dever com significação privada. A lei pessoal de Dever é seu delírio. Apresentava-se como “comerciante de móveis”, para viúvas, solteiras, mulheres sem família e com dote. Na opinião de Lacan, no filme Monsieur Verdoux, estrelado por Charles Chaplin em 1947, e que se baseou na história de Landru, o personagem selecionava as vítimas. Sua esposa e a amante Fernande pertenciam ao grupo vital. Esta, única a não ser assassinada por ele, além de não querer um marido provedor, mantinha uma relação muito forte com a mãe. As mulheres assassinadas integravam o grupo funcional, as mulheres de que necessitava. O dinheiro que estas deixaram garantirá o sustento da família de Landru.

A mãe de Landru parecia seu único ponto de apoio, estabelecendo-se assim a matriz da identificação imaginária de sua psicose: mãe sem falhas, como a amante. No julgamento, Landru nega tudo e seu discurso frio não demonstrava arrependimento. Foi avaliado por psiquiatras que não diagnosticaram psicose, atribuindo-lhe responsabilidade pelos crimes. Todavia, a certeza delirante, a necessidade de não ter falhas levaram Landru ao ato criminoso. Para a autora, ele avança em um Real sem véu, encarnando a lei. Seus significantes mestres não se articulavam a um saber, não passavam pelo desejo. Respondiam a um postulado delirante: sustentar a família. Na perversão, os criminosos sexuais gozam com o sofrimento do outro, pois driblam o Nome-do-Pai. O que impera é a Lei pessoal. Talvez isso, ter uma lei pessoal, seja algo que aproxime a psicose e a perversão, provocando uma confusão que dificulta um diagnóstico diferencial.

Loucura

Programa entrevista médicos psiquiatras e mostra projetos de inclusão de pacientes

Programa fala sobre as mudanças no tratamento de pacientes psiquiátricos
No Comentário Geral desta quarta-feira (8), Luiza Sarmento e Renato Góes tratam de um tema que já rendeu livros, filmes, debates e, até hoje, é visto com espanto pela sociedade: a loucura.
Por muito tempo, o modelo do manicômio foi encarado como a melhor forma de tratamento da saúde mental. No entanto, a história revelou que, muitos dos pacientes, sofriam não só com o isolamento, mas com métodos agressivos como o eletrochoque e a lobotomia. Nos anos 70, foi iniciada a luta no Brasil pelo fim dos manicômios. O especialista em sáude mental, Paulo Amarante, da Fiocruz, explica melhor a evolução do tratamento psiquiátrico. Mas, em certos casos, a loucura pode levar a crimes e é preciso que o doente seja isolado. Sobre isso fala o psiquiatra Miguel Chalub, do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro.
Por outro lado, a loucura também sempre andou relacionada ao universo das artes. Não é a toa que a arte passou a ser encarada como uma forma de tratamento. Um dos maiores exemplos é o da psiquiatra Nise da Silveira, ex-aluna de Carl Jung, que criou ateliês de pintura e modelagem na intenção de reatar os vínculos de seus pacientes com a realidade. A psicóloga da UFRJ Maria Cristina Urrutigaray tira dúvidas sobre este método.
Um projeto bem-sucedido na área é o do Teatro do Oprimido na Saúde, tocado por psiquiatras que acreditam na redescoberta do ser humano através da atuação. O coordenador nacional da iniciativa, Geo Britto, dá detalhes. Outro exemplo é o da TV Pinel, do Instituto Philippe Pinel. Lá, usuários dos serviços de saúde mental do Instituto produzem programas, com auxílio de uma equipe de profissionais da área e de funcionários do Pinel. O Comentário Geral entrevistou a coordenadora de produção da TV Pinel, Noale Toja, e um dos animadores da TV, Henrique Monteiro.
Já na UFRJ, usuários e funcionários do serviço de saúde mental da universidade criaram um bloco de Carnaval. O Tá pirando, pirado, pirou! faz parte do projeto de inclusão do tratamento psiquiátrico e na luta contra o estigma da loucura. A psiquiatra Sulamita Trzcina fala sobre o bloco, que em 2010 desfilou com o enredo Ser maluco é fácil, difícil é ser eu!fala sobre o bloco, que em 2010 desfilou com o enredo Ser maluco é fácil, difícil é ser eu!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Terceira Idade - Como Envelhecemos




1 - O sistema Nervoso
- Diminuição do peso do cérebro devido a perda de células ganglionares
- Redução dos órgãos do sentido
- involução das papilas gustativas da língua (sobram aproximadamente 36%)
- Perda de células ganglionares na cóclea e conseqüentemente diminuição da audição (processo apartir dos 20 anos)

2 - Coração
- Aumento do desempenho do coração e devido a esclerose e conseqüentemente HIPERTROFIA do miocárdio (homem: aumenta 1 grama ano e na mulher 1,4 grama ano)
- As válvulas cardíacas sofrem enrijecimento.

3 - Vasos Sangüíneos
- Fisioesclerose - diminuição da elasticidade, engrossamento e serpenteamento da parede (os efeitos deletérios do tempo são maiores nas artérias do que nas veias que demonstram menores alterações.

4 - Pulmões
- Dilatação dos alvéolos
- Diminuição do número de alvéolos, portanto diminuição da superfície total respiratória
- Diminuição da permeabilidade dos capilares alveolares
- Diminuição da capacidade vital
- Diminuição do volume respiratório máximo

5 - Rins
- Apesar de uma diminuição das células parenquimatosas dos rins, ocorre regulação da economia de água

6 - Fígado
- Redução de 20% de peso entre 50 e 80 anos, apesar disto há uma alta capacidade regenerativa

7 - Pele
- Torna-se mais fina e transparente em função da atividade mitótica e também da redução de colágeno da derme e perda de água (10 a 15%)

8 - Musculatura Esquelética
- Diminuição da força e da massa muscular, especialmente do antebraço e coluna responsáveis pela posturas

9 - Cartilagem e ossos
- Alterações dos mucopolissacarídeos
- Osteoporose e Osteopenia - redução da densidade do tecido ósseo, geralmente mais acentuado nas mulheres
- Os ossos mostram-se mais quebradiços, mais frágeis e mais porosos
- Articulações mais rígidas e menos flexíveis

Inocêncio Oliveira é condenado por trabalho escravo pelo juíz Manoel Veloso

Inocêncio Oliveira é condenado por trabalho escravo
07 de fevereiro de 2006 • 22h12 • atualizado às 22h20 Comentários
0Notícia
ReduzirNormalAumentarImprimirO Tribunal Regional do Trabalho da 16ª região, no Maranhão, confirmou nesta terça-feira a condenação do deputado federal e primeiro secretário da Câmara, Inocêncio Gomes de Oliveira (PL-PE), por manter trabalhadores em condição semelhante à de escravo na fazenda Caraíbas, no município de Gonçalves Dias (MA). Ele deverá pagar uma multa que pode chegar a R$ 300 mil.
Na fazenda Caraíbas, em março de 2002, foram libertadas 53 pessoas que eram mantidas como escravos. Posteriormente, o deputado vendeu a propriedade.

Inocêncio havia sido condenado em primeira instância pelo juiz Manoel Lopes Veloso Sobrinho, da Vara do Trabalho de Barra do Corda, interior do Maranhão, após ação do Ministério Público do Trabalho.

Na sentença, Manoel Veloso condenou o deputado a abster-se de condutas que viessem a cercear a liberdade dos trabalhadores, bem como a regularizar os contratos e as condições de trabalho dos seus empregados, sob pena de

Em seguida foi realizado o julgamento do recurso impetrado pelo deputado com pedido indenização por dano moral. Esta ação (nº 611/2002) foi julgada procedente em parte pelo juiz Manoel Veloso, que condenou Inocêncio Oliveira a pagar indenização por dano moral no valor de R$ 530 mil a ser revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).


Fonte: Redação Terra

TRT-MA Presente no Encontro Nacional do Poder Judiciário

Extraído de: Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região - 9 horas atrás
A presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT-MA), Márcia Andrea Farias da Silva, e a vice-presidente e corregedora, Ilka Esdra Silva Araújo, estão na cidade do Rio de Janeiro, onde participam desde ontem (06) do IV Encontro Nacional do Poder Judiciário. O evento é coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Poder Judiciário se reúne para definir metas para 2011 nesta terça-feira

CNJ divulga nesta terça-feira(6) as metas e ações prioritárias para 2011

Encontro avalia metas nacionais e define prioridades para o Judiciário

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Nesta terça-feira (07) o CNJ anuncia as metas estratégicas a serem adotadas pelo Judiciário brasileiro em 2011, de forma a aprimorar a prestação jurisdicional à população. Também será divulgado balanço preliminar do cumprimento das 10 metas deste ano por parte dos 91 tribunais existentes no país.

Também participam do evento a juíza Liliana Maria Ferreira Soares Bouéres, que exerce atividade administrativa na Presidência do TRT-MA; e o juiz Manoel Lopes Veloso Sobrinho, auxiliar da Corregedoria do Tribunal.

Informações sobre a programação de hoje (07) do encontro clique aqui.

Autor: Valquíria Santana

domingo, 28 de novembro de 2010

Saudação ao Sol




Surya namaskar, a saudação ao Sol
Diz-se que a série de exercícios da saudação ao Sol, chamada Surya namaskar, em sânscrito, remontaria à pré-história, quando o homem reverenciava Savitri, o deus-Sol, mas temos evidências de que as práticas de asanas são muito mais novas do que se imaginava algumas décadas atrás.
Mas isso não importa, pois a pré-história pode ser evocada agora, e você pode resgatar a intensidade que os pensamentos, intuições ou sentimentos tinham antes de existir a linguagem, as convenções sociais, as expectativas, a pressão, o estresse e as instituições que acabam com a liberdade do homem de hoje.
A saudação ao Sol é um exercício de movimento e respiração que funciona como uma preparação para o resto da prática de asanas, sem ser exatamente um aquecimento. Consiste em um grupo de movimentos que se fazem associados à respiração sussurrante, ujjayí pranayama. Ao mesmo tempo, deve-se manter a contração da parte inferior do abdômen, em uma variação sutil do uddiyana bandha, somada à contração dos esfíncteres, mula bandha, aos drishtis, as fixações oculares, e a uma atitude interior de observação constante.
É importantíssimo levar-se em consideração o alinhamento do corpo em cada postura para evitar distensões. A supervisão das práticas por um professor competente é altamente recomendável.
O objetivo da saudação ao Sol é sincronizar o movimento com a respiração para aguçar a mente. Isso produzirá um aquietamento das emoções e dos pensamentos, preparando você para o resto da prática. Ao mesmo tempo, fortalece o corpo, aumenta a saúde geral, estimula as glândulas adrenais e o timo, atrás do coração, produz uma sensação de leveza e felicidade e revela a própria força interior.
A saudação ao Sol simboliza a interdependência entre todas as formas de vida e deve ser feita com respeito, humildade, força de vontade, convicção e concentração. Esses movimentos podem ser considerados como uma prece a Savitri, o deus vêdico do Sol, ou melhor, a inteligência que está por trás do Sol e de toda a criação. Savitri é a fonte de todas as formas de vida, a própria inteligência que anima o seu corpo e graças à qual você existe.
A numeração a seguir corresponde ao número correto de vinyasas (movimentos associados com respiração) de cada Súrya namaskar.

Segurança Chegam ao topo do Complexo do Alemão




O comandante geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Mario Sergio Duarte, afirmou neste domingo que as forças de segurança que entraram no Complexo do Alemão assumiram o controle do conjunto de favelas sem enfrentar grande resistência por parte de traficantes.

"Vencemos, vencemos. Trouxemos a liberdade para a população do Alemão. Agora é trabalho de busca, procura, prisões e apreensões, e menos resistência", explicou, ao falar sobre a operação iniciada por volta das 8h (horário de Brasília), da qual participam mais de 2 mil homens das polícias Civil, Militar e Federal, além das Forças Armadas.

Apenas uma hora e meia após o começo da ocupação, o controle dos principais pontos estratégicos do Complexo localizado na zona norte do Rio de Janeiro foi assumido pelas forças.

"Não houve a resistência que esperávamos", acrescentou Duarte. Segundo ele, os próximos passos exigirão "paciência e muito cuidado" para consolidar o controle da área, por meio de uma busca "casa a casa".

Duarte explicou que os traficantes locais "preferiram fugir" a enfrentar as forças, o que, na sua opinião, não significa que não estejam preparando alguma reação.

"Só conquistamos o terreno", disse.

Os policiais detiveram mais de dez suspeitos neste domingo e apreenderam armas e drogas. Até o momento, as autoridades não informaram sobre mortos ou feridos na operação.

Rio de Janeiro, 28 nov (EFE)

sábado, 27 de novembro de 2010

Projetos do TRT- MA são finalistas do Prêmio do CNJ




Terça, 09 de Novembro de 2010


O Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região foi o único órgão do judiciário no Maranhão escolhido como finalista do I Prêmio Conciliar é Legal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A instituição concorre, em duas categorias, com os projetos Pauta Especial de Conciliação na Execução e Vara Itinerante.


Dos 100 inscritos em todo o país, apenas 30 práticas de conciliação foram selecionadas para a final e os vencedores serão premiados no dia 7 de dezembro, no Rio de Janeiro, na solenidade de encerramento do ano judiciário. Apenas três tribunais do Trabalho (MA, PA e AM) disputam o prêmio.

Esta semana, o juiz federal do Rio de Janeiro, Marco Falcão, membro do Comitê Gestor da Conciliação do CNJ, acompanhou audiência da pauta especial de processos na fase de execução, na 1ª Vara Trabalhista de São Luís, para verificar como funciona o projeto. Em São Luís, o magistrado também colheu mais informações sobre as duas práticas desenvolvidas pelo TRT-MA, finalistas do prêmio.

- “Nosso Tribunal deve servir de modelo pelas boas práticas adotadas pelas unidades judiciais e administrativas. Já estamos avançando na criação do Banco de Boas Práticas para socializar as informações sobre os procedimentos criativos e inovadores adotados pelos setores deste Regional”, disse a presidente do TRT-MA, desembargadora Márcia Andrea Farias da Silva.

Selecionados - finalista do prêmio (categoria Tribunal), a Pauta Especial de Conciliação na execução ocorre sem prejudicar as atividades normais das Varas da capital e do interior do estado, sendo destinado o horário da tarde para audiências especiais. Conforme Liliana Maria Bouéres, juíza auxiliar da Presidência do TRT-MA, essa iniciativa está prevista no provimento Geral Consolidado do Tribunal e no planejamento estratégico da instituição. A magistrada explicou que a realização dessas audiências contribui para o cumprimento da meta 03/2010 do Poder Judiciário (reduzir em pelo menos 10% o acervo de processos na fase de cumprimento ou de execução e, em 20%, o acervo de execuções fiscais tendo como referência o acervo em 31 de dezembro de 2009).

Para o juiz substituto da 1ª Vara Trabalhista de São Luís, João Henrique Gayoso e Almendra Neto, a criação da pauta especial diminui a sobrecarga de processos de execução das Varas. “É melhor o acordo do que caminhar na execução que é demorada e muitas vezes não conseguindo o resultado satisfatório para o exequente”, explicou o magistrado. “Essas pautas têm sido objetivas, pois na maioria dos casos ocorre o acordo”, afirmou o advogado Nilton Rego de Paula.

Realizado pelo juiz da Vara de Presidente Dutra, Manoel Lopes Veloso Sobrinho, o projeto Vara Itinerante, que concorre ao prêmio na categoria individual, funciona com o deslocamento do juiz e da equipe de servidores da sede da VT para outros municípios abrangidos pela jurisdição trabalhista, realizando audiências nas cidades onde residem os reclamantes. Em 2009, aquela Vara fez sete deslocamentos com 873 audiências. No mesmo ano, a VT recebeu 2.031 processos novos correspondendo ao maior índice de processo por servidor do Regional (333 por servidor) e atingiu o maior índice de conciliação (54%) e a menor taxa de congestionamento da na fase de execução (57%) do TRT.

Manoel Veloso explicou que a principal vantagem dessa prática é que o esforço pela conciliação ganha força e os municípios, principais reclamados em processos que tramitam naquela VT, já se convenceram de que o acordo é a melhor forma de solucionar o litígio, pois destinam parcelas mensais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), de 3% a 6%, para quitação dos débitos.


ASCOM – TRT/MA

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Novembro, Mês de Torquarto Neto




Torquato Neto,
o cara que não andava sendo feliz por aí

Por Gregório Macedo.
Retirada do blog de Kenard Kruel

Acabo de ler a segunda edição do livro "Torquato Neto ou A Carne Seca É Servida", de Kenard Kruel, editora Zodíaco, 2008, 622 páginas, capa de Paulo Moura, apresentação de Durvalino Filho. Trata-se de primeira edição, na prática, visto que a original, publicada em 2001, ocupava tão-somente 44 páginas.

Kenard esmerou-se no garimpo de informações sobre Torquato Pereira de Araújo Neto e o "mundo em volta de Torquato". Em duas palavras: foi buscar.

Nascimento (09 de novembro de 1944), infância, casa, rua, primeiras lições, traquinagens, zelo materno, rigor materno, amor materno. Torquato correspondendo - em casa, na escola, na rua. Indo além: inglês, francês, Machado aos 14, Shakespeare "de presente". Briga "de vera", coisa raríssima. Professora incompetente não ficava impune, mas Torquato foi quem pagou alguns patos. Aos 15, Salvador.

Início de 1960, científico no Colégio Nossa Senhora da Vitória, filmes em geral e artigos de Glauber Rocha em particular. Atividades em torno da União Nacional dos Estudantes: Duda Machado, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Álvaro Guimarães, Orlando Senna, Tom Zé, José Carlos Capinan, Rogério Duarte, Maria Bethânia, Gal Costa, Waly Salomão. Torquato integrado. Gil resume: "Vivíamos num incessante entra-em-beco-sai-em-beco corpoalma adentro de uma cidade mítica, bela e sensual (...)". Em 1961, roteiriza o filme "Barravento", dirigido/finalizado por Glauber Rocha.

Rio de Janeiro, janeiro de 1962: Torquato, residindo no edifício Rajah, praia de Botafogo, dá seguimento ao curso científico, concluindo-o e iniciando o curso de Comunicação (faria até o segundo ano) na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Conhece Paulo Francis e Flávio Rangel. Diz a Caetano: "Desejo tornar-me jornalista, manter uma coluna". Rui Guerra apresenta-o a Edu Lobo - e o poeta escreve "Veleiro", "Lua Cheia" e "Pra Dizer Adeus". Edu sugere a Torquato que se mude para São Paulo.

São Paulo, 1966. Gilberto Gil, solteiro (a mulher em Salvador), converte sua residência na "pensão dos baianos": Geraldo Vandré, Rui Guerra, Capinan, Torquato. Convive com a Poesia Concreta dos teóricos e poetas Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Muda radicalmente o juízo que formara sobre o Concretismo (Kenard expõe, nas páginas 551 a 561, artigo de Torquato publicado pelo jornal O Dia, de Teresina, em cinco partes, nos dias 2, 7, 20, 23 e 25 de fevereiro de 1964. O artigo "A Arte e a Cultura Popular" aborda a contribuição de Gilberto Freyre quanto à "possibilidade de se formar, ou pelo menos se tentar reformar, a cultura nacional - então capenga e importada em sua quase totalidade -, tomando como base e ponto de partida as tradições, o folclore e a realidade da vida social nordestina". A publicação do "Livro do Nordeste", de Freyre, em 1925, foi "o primeiro passo (...), de onde, semente que foi, brotaram as literaturas brasileiras de José Américo de Almeida, Jorge de Lima, Rachel de Queiroz - e principalmente dos mestres mais geniais e importantes do movimento, José Lins do Rego e Graciliano Ramos". Torquato "dá uma passada" pelo "anarquismo destruidor dos intelectuais paulistas liderados por Oswald e Mário de Andrade" para, na quarta parte do texto,
dar conta de que "Em São Paulo, Décio Pignatari lidera um movimento híbrido, horrível, de poesia concretista. E no Rio, finalmente, Ferreira Gullar, antes concretista, agora redimido, procura um caminho de salvação para a nossa poesia dentro da literatura popular de cordel nordestina").

Em janeiro de 1967, casa-se com a baiana Ana Maria dos Santos e Silva (Thiago, seu filho, nasceria em 1970). Em março, na coluna "Música Brasileira", que há pouco vinha escrevendo no Jornal dos Sports, critica secamente o disco "Eternamente Samba", de Ataulfo Alves ("...terríveis repertório e arranjos..."). Ataulfo respondeu com o samba "Não cole cartaz em mim", acompanhado (não o samba, mas Ataulfo) por um coro de vozes indignadas com a atitude de Torquato.

Estoura o Tropicalismo. Torquato diz que o que importa é a Tropicália: aquele é esgotável, mais dia menos dia se exaure; esta, não: é "de dentro", individual, fênix. E brinca: Tropicalismo é brincadeira: Zé Celso Martinez Correa é o papa, Chacrinha é o gênio, Gilda de Abreu é a musa e Nélson Rodrigues é deus. Torquato brinca, mas havia diagnosticado: o Brasil recalca e se envergonha dos elementos de sua cultura e do seu subdesenvolvimento. Com José Carlos Capinan, faz o roteiro de "Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo", para a TV Globo, mas o trabalho é recusado pela empresa patrocinadora, a Rhodia. No entanto, a versão simplificada do roteiro original foi gravada em 23 de agosto de 1968 e exibida em São Paulo para um público de cerca de duas mil pessoas. O que se vê: Caetano lendo um "manifesto" (com as "definições" para Tropicalismo e Tropicália, traçadas por Torquato) calcado no "Manifesto Antropofágico", de Oswald de Andrade, e Ítala Nandi debochadamente tomando a palavra para asseverar: "Tropicalismo é ausência de consciência da tragédia em plena tragédia. É arte sadomasoquista. É o você mesmo. Tropicalismo é o da boca pra fora!" E mais: estrutura/estilo da carta de Pero Vaz de Caminha a el-rey de Portugal, letra do Hino Nacional e da "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias, cenários antropofáficos (papagaios, bananas, abacaxis), estética kitsch, Academia Brasileira de Letras, Colégio de Aplicação, banda do Colégio Pedro II, programas de auditório/cantoras do rádio (Marlene, Emilinha, Dalva de Oliveira, Linda e Dircinha Batista, Aracy de Almeida) - e a reafirmação de que os problemas do Brasil são comuns aos povos da América do Sul/Latina (Soy loco por ti!), devendo haver soma de esforços, não distanciamento (mercosul antevisto - se bem que o mercosul não chega a tanto, ainda). O ídolo Vicente Celestino (na música e no cinema, como nos filmes "O Ébrio", 1946, e "Coração Materno", 1951, ambos dirigidos pela mulher dele, Gilda de Abreu, cantora, escritora, atriz e cineasta) foi escalado para integrar o elenco da peça (que acabou, como já dito, por não ser mostrada pela Globo). Mas Vicente teria chegado a ensaiar. Ao tomar conhecimento de que o pão sagrado seria substituído por uma banana, rompeu com a direção e seguiu para o hotel Normandie, onde teria tido um ataque cardíaco, vindo a falecer... (Nota: dados para inserção deste parágrafo foram recolhidos do livro "Torquato Neto, Uma Poética em Estilhaços", de Paulo Andrade, publicado em 2002).

Final de 1968 a final de 1969: contemplado com bolsa de estudo para escrever sobre as influências africanas na música popular brasileira, segue, uma semana antes da decretação do Ato Institucional n° 5, para a Europa e Estados Unidos. O casal é acompanhado por Hélio Oiticica, amigo e confidente de Torquato (Kenard inclui cartas - páginas 587 a 593). Em Londres, conversa com Jimi Hendrix (ouvindo "aquele álbum branco dos Beatles") e concede entrevista à BBC.

Retornando ao Brasil e de "relações cortadas" com o grupo baiano, vem a Teresina e pretende levar pro Rio de Janeiro o compositor Carlos Galvão, o artista gráfico Arnaldo Albuquerque e os músicos Renato Piau e Bugyja Brito. Não logrou êxito. Retorna ao Rio, alia-se a Waly Salomão, Vinícius Cantuária e Luís Moreno - e elegem como nova intérprete a cantora (piauiense) Lena Rios, a Barradinha.

Torquato, porém, não consegue esquecer os baianos, e sua paixão pelo cinema sempre estava a aflorar, estimulada pelos cineastas Júlio Bressane, Rogério Sganzerla, Luís Otávio Pimentel e Ivan Cardoso. O cinema exerce um fascínio terrível sobre o poeta: "As letras dele são, na realidade, roteiros cinematográficos", afirma o jornalista, escritor e filólogo Paulo José Cunha, primo de Torquato. Foram vários os filmes, em Teresina, no Rio e em Salvador, entre 1961 (roteiro de "Barravento") e junho de 1972 ("O faroesteiro da cidade verde ou só matando").

Em janeiro de 1971, vem a Teresina e compõe, com Silizinho, o samba-de-enredo da Brasa-Samba. Apaixonado pelo carnaval, desfila num caminhão lotado, toda a marmanjada vestida de
"meninas boas de famílias más". A avó Sazinha chama-o pelo nome, ao que Torquato: "Mas, como a senhora me reconheceu, vó, se tou todo vestido de mulher"? Ela: "Pelos pés, meu querido, pelos pés. É difícil uma mulher, mesmo da vida, ter um pé 44". Risada geral. Mas a fuzarca durou pouco: "Torquato teve que voltar ao Rio de Janeiro, para o seu inferno astral", conta Paulo José Cunha. (Dona Salomé, no ano seguinte, choraria: "O Rio matou meu filho").

Antes de retornar ao Rio, Torquato concedera entrevista aos editores da página "Comunicação", do jornal Opinião, de Teresina, Durvalino Filho e Edmar Oliveira. O poeta converteu-se em colaborador da "Comunicação", bem como de seu "sucessor", o jornal Gramma, cuja vida se resumiu a dois números (fevereiro e novembro de 1972, mês em que Torquato morreu).

Além das letras (estão todas no livro) e do cinema, Torquato integrou as equipes de shows musicais marcantes. Com Capinan e Caetano, roteirizou "Pois é", de Maria Bethânia, em 1966; de janeiro a maio de 1967, participou de "Ensaio Geral", na TV Excelsior (o time: Radamés Gnatalli, Tamba Trio, Gil, Caetano, Sérgio Ricardo, Tuca, Sidney Miller, Época de Ouro, Jacob do Bandolim, Ismael Silva, Cyro Monteiro); em julho de 1967, roteirizou, para a TV Record, ao lado de Caetano, o "Frente Única - Noite da Música Popular Brasileira". (Ver nota ao final).

Voltando à escrita, convém dizer que Torquato era um dínamo na produção intelectual: de agosto de 1971 a março de 1972 escreveu a coluna "Geléia Geral" (título inspirado em expressão cunhada por Décio Pignatari), no jornal Última Hora. No conjunto, colaborou com os suplementos "O Sol", do Jornal dos Sports, e "Plug", do Correio da Manhã, e com as revistas "Rolling Stone", "Presença" e "Verbo Encantado" (de todas as publicações citadas, apenas esta não é carioca - é baiana). Registro à parte merece o jornal "Flor do Mal": criado em 1971, editado por Luiz Carlos Maciel (coordenador da seção "Underground", no O Pasquim), "Flor do Mal" nasceu de uma promessa feita por Sérgio Cabral, na prisão, a Luiz Carlos. Abordava arte, cultura e comportamento relacionados a antipsiquiatria, sexualidade, orientalismo, teatro, drogas etc. A Luiz Carlos Maciel juntaram-se Rogério Duarte, Tite de Lemos, Antonio Bivar, Waly Salomão, Capinan. E Torquato Neto. A fotografia que ilustra a capa do primeiro número foi encontrada por Torquato no chão da redação do jornal Última Hora, pisoteada. Mostra uma menina negra, sorrindo - representando a pureza espiritual. A "Flor do Mal" tinha tiragem de 40 mil exemplares, dos quais vendia-se a metade, por aí. Resistiu por cinco números.

Waly Salomão, ao abordar a relação entre Torquato e dona Salomé, equipara a "tirania" de dona Salomé à da mãe de Baudelaire ("flores do mal"). A mãe de Baudelaire interditou-o, cassando-lhe o direito de gerir o patrimônio deixado pelo pai - e que Baudelaire há dois anos vinha dilapidando. Baudelaire, então, submete-se inteiramente à mãe, bajulando-a noite e dia, tentando reaver o poder. O caso de Torquato parece-me bem distinto: amor filial rima com amor materno, sem interesses "escusos" de permeio. A guerra permanente de Torquato era consigo próprio, e só em função de seus rios subterrâneos. Arrisco-me, mas especulo: álcool (e outras drogas) fragilizavam o poeta, e quanto mais tênues suas defesas e mais vulnerável Torquato, mais álcool (e outras drogas) se impunham.

"O músico, pela própria natureza de sua função, pelas oportunidades maiores de aparecer (...) acaba resumindo em si toda a jogada, toda a atenção, e o letrista fica totalmente marginalizado. Com Vinicius aconteceu o contrário (...) mas é uma exceção (...). Waly Salomão (ou Torquato Neto, digo eu), por ser apenas letrista, tem de enfrentar a barra muito mais pesada de fazer seu nome a partir daí. (...) Direito autoral é um circo, e um circo malfeito. É uma máfia, uma loucura. Existem estatutos, leis, mas a verdade é que na hora do tutu a coisa não anda. (...) De direito autoral ninguém vive!" (Jards Macalé - jornal Opinião nº 14, de 05.02.1973).

Roberto Moura, no artigo "Corda Solta" (Kenard publica-o), sustenta que o que matou Torquato foram as injunções (pressão da "máfia" do direito autoral, já que o poeta a atacava com veemência em sua coluna "Geléia Geral", e por isso acabou por perdê-la), o salário de fome ("enquanto Capinan faturava mais de dez milhões antigos como publicitário, Torquato, como jornalista, não atingia dois") e "a falta de compreensão".

Torquato confessava a amigos sentir-se um trapo, um derrotado, um infeliz perpétuo. Internado, já pela enésima vez, no sanatório do Engenho de Dentro, Rio de Janeiro (em Teresina, várias vezes esteve no Meduna, para desintoxicar-se), escreveu: "(...) Incrível, já não preciso mais (...) liquidar meu nome, formar nova reputação como vinha fazendo sistematicamente como parte do processo autodestrutivo em que embarquei - e do qual, certamente, jamais me safarei por completo(...). Tem um livro chamado 'O Hospício é Deus'. Eu queria ler esse livro. Foi escrito, penso, nesse mesmo sanatório. Vou pedir a alguém para me conseguir esse livro". O livro a que Torquato se refere tem o título citado, e foi escrito por Maura Lopes Cançado (que além dele publicou "O sofredor do ver"), escritora que viveu entre a lucidez e a loucura, tendo sido, na década de sessenta, companheira de trabalho, no Jornal do Brasil, de pessoas como Carlos Heitor Cony, Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim, Mário Faustino e José Guilherme Merquior, entre outros. Desde jovem, atordoada pela doença, passava por internações - vivendo, após, momentos de lucidez. "Minha consciência da inutilidade de tudo mata-me. Esta incapacidade de sofrer torna-me árida, vazia - (...) Invento-me a cada instante". Torquato se identificaria com essa última parte?

Torquato: tristeza, melancolia, ironia, sarcasmo. "Antropofagia acompanhada de grande intensidade de autofagia". "Sinal fechado em todas as direções". "Abandonado, frágil e sozinho". "Ocupar espaço x estreitamento". "Sobrevivência dura e magra". "Poe, Rimbaud, Baudelaire, Lautréamont, Antonin Artaud". Porém Paulo Andrade, em "Torquato Neto, uma poética de estilhaços", lembra que Torquato viveu em constante risco, pois "introjetou não apenas os problemas e tensões político-sociais (...) do país (...)", mas "(...) viveu atormentado igualmente pelos próprios fantasmas interiores, revelados em seu modo particular de ver e sentir o mundo". "(...) a pluralidade de temas e de estilos constitui a marca característica da poética de Torquato Neto". Enquanto André Bueno arremata: "Mas nada do velho papo furado do jovem-poeta-que-se-mata em romântica reação contra - oh! - esse mundo com suas leis cruéis".

O poeta Torquato Neto suicidou-se em 10 de novembro de 1972.

Vou fazer a louvação, louvação: parabéns, Kenard, por "Torquato Neto Ou A Carne Seca É Servida".

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P.s.: 1. A fortuna crítica de "...A Carne Seca..." traz matérias imperdíveis, além da de Roberto Moura, como "Toda palavra guarda uma cilada", de Paulo José Cunha, "Torquato, o afinador dos tristes", de Joaquim Branco, "Torquato esqueceu as aspas", de Waly Salomão, "O cinema piauiense" (entrevista concedida por Claudete Dias a Djalma Batista, do jornal Diário do Povo, em torno de "Adão e Eva e o paraíso do consumo", filme super-8 estrelado por ela e Torquato), "Tantas Máscaras", de Régis Bonvicino, "E a carne seca foi servida", de Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior, "Os últimos dias de Paupéria", de José Carlos Oliveira (penso tratar-se do autor de "Um novo animal na floresta"), que, para lá de estranhamente, "massacra" o poeta Mário Faustino, e "Os últimos dias de um romântico", de Paulo Leminsky - que tinha um talento "torquatiano" e enfatizava que "Alta era a arte de Torquato, poeta das elipses desconcertantes, dos inesperados curtos-circuitos, mestre da sintaxe descontínua, que caracteriza a modernidade".

P.s. 2. Em 1975, é publicada a revista "Navilouca" (a "stultifera navis" enfim passava pela costa da paisagem brasileira), edição única, que Torquato planejara, reunindo trabalhos de Lígia Clark, Hélio Oiticica, Chacal, Caetano, Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Torquato Neto.

P.s. 3. A antologia "26 poetas hoje" é lançada em 1976. Organizada por Heloísa Buarque de Hollanda, traz Torquato como poeta maior, no entendimento de críticos como Nelson Ascher.

P.s. 4. Em 1997, é publicada a primeira antologia bilíngue da poesia brasileira, em Los Angeles, editora Sun & Moon Press, de San Francisco: "Nothing the sun could not explain", organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher. Lá estão Torquato, Paulo Leminsky, Ana Cristina César, Waly Salomão e outros. Um dos poemas de Torquato é "Let's play that".

P.s. 5. "Os últimos dias de Paupéria" (1973 e 1982, edições organizadas por Waly Salomão - morto em 2003 - e Ana Maria Duarte), "Torquato Neto, uma poética em estilhaços", de Paulo Andrade, publicado em 2002, "Torquatália" (dois volumes, lançados em 2005, Editora Rocco, organizados por Paulo Roberto Pires) e "Torquato Neto ou a carne seca é servida", de Kenard Kruel, resumem tudo o que foi e é o poeta e parceiro das palavras Torquato Neto.

P.s. 6. Inseri no texto original - e hoje, dia 02.01.09, procedi à exclusão - informação sobre o período de Torquato Neto em Londres, colhida de José Elias de Arêa Leão, que, após publicado o texto, afirmou não ter plena convicção do que houvera informado.

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Nota (manhã do dia 02.01.09): Alguns dos temas abordados por Kenard Kruel em "Torquato Neto ou a carne seca é servida" foram por mim acrescidos de detalhes/impressões, embasadas em outras fontes, não espelhando necessariamente, em decorrência, o pensamento do autor do livro.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Incêndios


Capa: divulgação


A. Tito Filho

Os acontecimentos iniciados em 1943 correspondem, porém, a cenas dantescas e tragédias gregas, tantas as violências contra pobres pessoas se provocaram, promovidas por agentes policiais. Era o governo do médico Leônidas Melo, que interventor federal no Piauí, em virtude de certos atos contra direitos alheios, conquistou sérias inimizades políticas. Vigorava a ditadura e os jornais sofriam censura prévia. A chefia de Polícia estava sob as ordens do coronel Evilásio Gonçalves Vilanova. Foi o tempo dos terríveis incêndios de casebres de palha de Teresina. Comunicavam-se por bilhetes o dia e a hora em que as labaredas subiam aos céus na queima da casa escolhida - e os moradores a abandonavam, e no exato momento do aviso as línguas de fogo consumiam, tudo, teto e paredes, e os trastes da vida diária.

Desespero e choro. Nada se salvava, tudo se transformava em cinzas, os cacos da cozinha e os farrapos de pano da dormida e do corpo.

Os elementos da oposição culpavam as autoridades, desejosas de acabar com as choupanas de palha da capital, feias e miseráveis, ou o governo atribuía o crime aos adversários para puni-los severamente na qualidade de incendiários. Pensava-se na existência de individuo piromaniaco, para satisfação da mórbida personalidade. Chegou-se a acusar da hediondez o próprio chefe de policia, por intermédio de policiais de confiança, com a intenção ambiciosa de derribar o interventor federal e assumir o comando da administração. As rodas oficiais consideravam mandante das queimações o médico José Candido Ferraz, que despontava como o mais afoito elemento contra o governo ditatorial na politica piauiense.

Alta noite homens humildes, presos pela policia e acusados de autoria, nas clareiras da mata de Teresina, rumo de Morrinhos, eram submetidos a torturas intensas e impiedosas. Contam que alguns morreram.

A. Tito Filho, 24/12/1988, jornal O Dia.

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José Afonso de Araújo Lima nos dá, agora, em 2010, Cidade em Chamas, épico que narra um dos momentos mais terríveis da nossa história. Não deixem de adquirir e ler o livro. Comentário de Elmar Carvalho, clicando aqui. (Kenard Kruel).

O brilho formidável de Genu Moraes



Retirado do blog de Kenard Kruel.

Genu Moraes recebe o Manto Acadêmico de Marilena Veloso, sobrinha de Leônidas Melo, adversário político de Eurípides de Aguiar, pai da nova imortal. É a volta que a vida dá. Foto: Kenard Kruel.


A amiga generosa e fina Genu Moraes foi empossada, ontem, dia 16, na Academia de Ciências do Piauí, em solenidade presidida pelo acadêmico Herculano Moraes, no auditório do Conselho Regional de Medicina, Teresina. Infelizmente, não pude comparecer ao evento. Mas que o brilho formidável de Genu Moraes ilumine a Academia de Ciências de beleza e sabedoria. Aliás, Genu é uma mulher elegantíssima, inteligente, culta, bonita, política e abençoada. (Diego Mendes Sousa, poeta, diretor da Comissão de Direitos Humanos da Associação dos Estagiários de Direito do Piauí - Asedipi).